Política pública para mulher precisa ser defendida por mulher!
Embora o direito ao voto feminino e o de se apresentar como alternativa ao eleitorado tenha sido conquistado em 1932, a representação feminina na política ainda é muito pouco expressiva, e por vários motivos que vão além da questão do financiamento eleitoral. Quem aqui já parou para pensar nas razões pelas quais a lei determina que as cotas de gênero de candidaturas sejam de 30 a 70% dentro dos partidos, mas, invariavelmente, as siglas só fecham suas chapas com os mínimos 30% de mulheres? E porque, seguindo a mesma lógica, não há cotas femininas dentro das câmaras de vereadores, de deputados e senado, para garantir efetivamente a eleição da mulher e não somente suas candidaturas? Ora, somos mais de 50% da população, então por que mulher ainda não elege mulher?
Numa população que tem uma equidade numérica na divisão demográfica entre os gêneros, a não existência de equidade em outras áreas representa uma violação aos direitos das mulheres de existir de acordo com sua representatividade. Votamos, e neste aspecto somos maioria. Por outro lado, tendemos a não eleger outras mulheres por não enxergarmos que elas podem ser ocupantes de cargos para além do âmbito doméstico ou empresarial e, ainda assim, esse segundo espaço está sendo conquistado a duras penas.
A luta pelo empoderamento feminino não parece ser suficiente para resolver tal equação porque ainda está relacionada ao ambiente de trabalho, às questões de aparência e de idade. Empodera-se a mulher, mas pouco empoderam-se os coletivos femininos, e pior, não se intercalam esses movimentos. Autoestima e autoconfiança parecem estar presentes na agenda do empoderamento feminino, porém as participações nas decisões se mostram mais presentes fora do Poder Público.
A questão de se uma mulher deve votar em outra mulher pode ser complexa e depende de vários fatores. No ideal democrático, o voto deve ser baseado em uma avaliação das propostas, habilidades e integridade dos candidatos, independentemente do gênero. No entanto, enquanto não compreendermos que algumas políticas públicas que atendam as necessidades das mulheres só serão pensadas e formatadas POR MULHERES, estamos fadadas a não sermos cuidadas nas nossas necessidades mais básicas no que depender da administração pública, simplesmente por inexistirem programas e leis pra isso.
Não é difícil pensar em alguns exemplos: é proposta minha que o Poder Executivo estenda os horários das creches para que as mães tenham tempo de sair de seus trabalhos e pegar seus filhos na unidade. Também é proposta minha, uma vereadora mulher, que as mesmas unidades funcionem no período de férias escolares já que ninguém tem férias de trabalho de quatro meses por ano, mas as creches fecham de novembro a janeiro e também em julho.
Outro exemplo, também pensado por mim, uma representante feminina do povo na Câmara, e o de que nós, mulheres, tenhamos o direito de sermos acompanhadas por alguém de nossa confiança em exames que utilizem sedação, a fim de nos protegermos de eventuais abusos sexuais que possam ocorrer nessas ocasiões.
Percebe a importância de mulher votar em mulher? Somos nós quem vamos lutar pelos direitos que homem jamais teriam pensado porque a questão não faz parte do cotidiano. É uma questão de lógica e de escolha. No dia 6 de outubro, escolha uma mulher!